Centralizar para compartilhar, essa poderia ser uma curta definição do trabalho que, desde meados de 2020, vem sendo realizado pela equipe de tecnologia da informação geoespacial (GIT, sigla em inglês) do Hub SERVIR-Amazônia. Dirigida por Brian Zutta, Ph.D., Líder em Ciência e Dados (SIG), também fazem parte do grupo Silvia-Elena Castaño, Especialista SIG; Ovidio Rivera, Especialista SIG; e John Jairo Tello, Analista de sistemas; que fazem parte da Aliança de Biodiversidade Internacional e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).

“Todos comprometidos em organizar a estrutura digital do Hub, reunir as ferramentas e os dados que queremos compartilhar, ser um contato ativo entre o SERVIR e as equipes de 11 serviços que o Hub tem na região até o momento” explica Brian”. Cada parceiro tem sua própria maneira de organizar sua respectiva estrutura digital e o que queremos é ganhar eficiência, com todos os nossos parceiros fazendo uso dos padrões do SERVIR-Amazônia” enfatiza Brian. E conforme Silvia destaca “Esta é a importância de todos compartilharem suas informações geoespaciais documentadas em nosso site GeoNetwork Servir Amazônia”.

O grupo GIT contribuirá fortemente com o compromisso com os dados abertos do Programa SERVIR Global, um eixo estratégico do Hub, já que o uso dos serviços espaciais depende da capacidade do Hub de criar redes com os interessados e a capacidade dos parceiros de planejar, codesenvolver serviços e compartilhar dados. Nesse sentido, o grupo GIT está decidido em retornar os dados do Programa observando os princípios do FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, Reusable; em inglês): Informações disponíveis, acessíveis e que sejam interoperáveis e reutilizáveis.

Um trabalho no qual o grupo GIT coloca em campo toda sua experiência em três áreas:

  • Tecnologias de programação para visualizar dados geoespaciais e informações gerais como JAVA, Google APIs, CartoDB, MapBox, entre outros;
  • Sistemas de Informação Geográfica (SIG), Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE), gestão de dados, cartografia básica, Storymaps, plataformas SIG na nuvem como o ArcGIS Online;
  • Análise espacial, trabalho de campo com aeronave pilotada a distância (RPA, sua sigla em inglês) e GPS, gestão de dados e design e cartografia na web.

“Munidos de todos estes conhecimentos e experiências, o GIT apoia o Programa em seu plano de finalizar 4 ou 5 serviços geoespaciais até dezembro de 2021”, detalha Brian Zutta.

Dados, práticas e fator humano

Silvia enfatiza que o objetivo do GIT é contar com uma estrutura digital que seja usada tanto pelos parceiros do SERVIR-Amazônia, como pelas comunidades para que possam aproveitá-la, pois “o grande desafio que temos é facilitar a dinâmica dos dados, a fim de que tenham um ciclo desde seu registro até sua consulta, passando pela devida capacitação das equipes dos parceiros. Assim garantimos que cada conjunto de dados esteja disponível  na nuvem, permitindo uma boa qualidade de serviço, precisão nos resultados e melhor tomada de decisões ambientais por parte dos interessados” aponta Silvia.

A beleza de um dado

Silvia viu essa beleza em dinâmicas como o mapeamento participativo – técnica usada com comunidades para representar áreas, mediante sistematização, interpretação e transmissão de informações territoriais – onde as informações dos locais são vitais. “Nós temos as ferramentas e eles a informação. Vamos construir a ponte para que eles usem as ferramentas e nós aprendamos com eles. É incrível como a informação se cruza, a experiência e o conhecimento que se misturam dão lugar a ideias que nos direcionam a atingir o objetivo que nos une: proteger a Amazônia”.

Assim, confirma Milagros Becerra, Assistente de pesquisa, especialista SIG, de Conservação Amazônica (ACCA), uma entidade com mais de 20 anos de trabalho para conservação da Amazônia no Peru. “A pandemia aumentou o interesse pelo uso de tecnologias, neste caso a favor da Amazônia por meio de drones, SIG, teledetecção, aplicações (apps) para web e celular; o que se traduz em ações concretas para frear o desmatamento em zonas onde sejam detectados garimpos ilegais” aponta Milagros.

Para a mostra da experiência da MAAP, iniciativa da Amazon Conservation e Conservação Amazônica (ACCA) no Peru. A MAAP recebe apoio de outros parceiros como a Associação Boliviana para Investigação e Conservação de Ecossistemas Andino Amazônicos (ACEAA) na Bolívia, e a Fundação EcoCiência no Equador – parceiro do SERVIR-Amazonia, usando tecnologia de vanguarda disponível para entender padrões, hotspots e causas da desmatamento em tempo quase real na Amazônia andina. Tudo isso, com o objetivo de distribuir esta informação técnica de maneira oportuna, acessível e amigável para os usuários, incluindo tomadores de decisões, autoridades políticas, sociedade civil, jornalistas, pesquisadores e público em geral. “É a oportunidade de aproveitar as tecnologias mais avançadas e dados espaciais para conservar os recursos naturais, especialmente para proteger a Amazônia e encontrar uma maneira de incorporar este trabalho na melhoraria das políticas públicas”, enfatizou Milagros.